Ainda que nos meus melhores dias, acredite, em sintonia com a sabedoria popular, que o dinheiro não traz a felicidade, também são muitos os dias em que defendo convictamente que esse dizer é apenas uma panaceia para aqueles que têm falta de dinheiro.
Digo isto agora porque, recentemente, tive acesso a um dos diversos universos paralelos que nos rodeiam: concretamente, àquele onde o dinheiro não falta e pude confirmar - na primeira pessoa - que a historiazinha do «dinheiro não traz a felicidade» é uma autêntica aldrabice. Na verdade, se houver dinheiro e uma bela dose de bom-senso, a felicidade fica a dois passos e é só uma questão de minutos para mergulharmos nela e chafudarmos nos vários prazeres e, sobretudo, na tranquilidade que esta fórmula produz em nós. Se tivermos dinheiro, ou melhor, se não tivermos falta de dinheiro ficamos mais tranquilos e essa tranquilidade deixa-nos mais felizes. Quem tem coragem de me contradizer, se eu lembrar que o dinheiro traz o conforto fresco nos dias quentes de Verão e o aconchego quente nos dias e, principalmente, nas noites de Inverno? E não estou aqui a falar do simples facto de ter uma casa: felizmente já não estou nessa fase. Estou a falar de ter a possibilidade de construir a nossa casa com os melhores materiais, aqueles que não criam humidade nem frio glaciar, nem rachas que se abrem do tecto até ao chão (ou vice-versa), nem deixam a nossa roupa (aquela que compramos com os tostões que vamos tendo) a cheirar impossivelmente a bolor. Estou também a falar de ter dinheiro suficiente para ir passar férias - não me refiro sequer a ir de férias quando me apetece, pois para isso era preciso muito mais dinheiro do que o ideal - mas como estava a dizer ter a possibilidade de conhecer o mundo. Estou ainda a falar de não ter que gastar o nosso coraçãozinho com a preocupação das contas para pagar. Estou ainda a falar de não ter que pensar no dinheiro e escrever sobre o dinheiro.
É indiscutível: Desde que haja bom-senso, quando se tem dinheiro vive-se, muitíssimo, melhor, mais tranquilo e a tranquilidade traz tudo, até a saúde. E andava eu a pensar nestas coisas quando hoje - Domingo - vi um programa de televisão no qual aparecia uma família sem dinheiro. Apresentavam-se todos como sendo muito amigos uns dos outros: o pai amava muito a mãe, a mulher amava e admirava muito o marido, os irmãos amavam os pais, eram todos saudáveis, enfim, uma família linda, mas que não conseguia ser feliz ou não tão feliz como mereciam pois não tinham o dinheiro suficiente para comprar uma casa nem para a manter depois de, eventualmente, a terem. E é aí que entra a TV: ofereceram-lhes uma casa (linda) e um cheque de 50 mil euros e depois de muitas lágrimas de alegria e abraços emocionados, ouve-se a mãe a dizer qualquer coisa como isto: «finalmente estou feliz; agora já tenho tranquilidade e paz para viver bons momentos com a minha família.». Foi com esta frase que eu confirmei uma vez mais (já a confirmara algumas vezes e noutras ocasiões) a minha teoria de que o dinheiro traz a felicidade e que nem o maior amor do mundo é suficiente para se ser feliz se não houver dinheiro. Eu até posso amar muito as pessoas à minha volta e ser amada em igual proporção, mas se não puder pagar uma consulta médica ou colocar comida na mesa, como é que eu vou poder ser feliz. Ok, podem lembrar-me que no Brasil, por exemplo, há milhares de pessoas sem dinheiro e todos são felizes e contentes, mas isso para mim não significa nada. O nosso mundo aqui é um, o deles é nitidamente outro: outro universo paralelo. Neste, onde agora estamos, só quando não se tem falta de dinheiro é que se tem a chance de ter também a muito desejada tranquilidade. E tenho dito!
nota: Disseram-me tantas vezes para ter um blog, agora aguentem-me se conseguirem:)