sábado, 20 de dezembro de 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

oferenda

Ainda a propósito do meu aniversário, ofereceram-me um cd que não conhecia mas pelo qual depressa me apaixonei: «No Longer at Ease» da Nneka. A oferenda veio da minha amiga S.V. - com quem estou pontualmente mas com quem partilho momentos intensos de amizade e sinceridade - talvez seja mesmo pelo facto de a ver poucas vezes que quando estamos juntas partilhamos em torrente as emoções que nos assolam naqueles e noutros momentos. A S.V. é especial por ser como é e por me dar a oportunidade de eu ser como sou quando estou com ela: frágil e desarmada.
Fica aqui o meu poema favorito deste cd:

GYPSY

Is it the past that stops me from growing
A wish to change yesterday though
I know it is future damaging
Slowly recognising life cannot stay the same
Wish beautiful moments can remain
I pray and don't lose the track that God makes me run
Cos without you, without the light, there is no sun
Oh but what is it that we have?
Still we have not arrived, still fall apart and still I ask...

Will I wonder 4 the rest of my life
Will I break free from my imprisoned minds
But still we're Gypsies 4 the rest of our lives
And will we ever break free and free your minds

Got to maintain our peace of mind
What to do is to keep it steady, keep it focussed
People come, people go, friends become enemies
Today they love you and tomorrow they forget
Some may speak out your secrets, your desire
and at the same time they want you to suck your power
They smile at you, they give you kisses
and the same time backstab you and give you

Will u recognise ur soul is naked before u
Will u hide your own sin when u know the truth
Will u drown in your own tears and self distruct
Will u break the rules and be concerned

No but will we wonder for the rest of our lives
Will we break free from our imprisoned minds
Cos we're still Gypsies for the rest of our lives
"forever searching"
Let's break free and free our minds.

Obrigada S. pelos momentos que esta e outras músicas me ofereceram enquanto o B. ouvia e via mais um jogo de futebol!
The stupid neither forgive nor forget; the naive forgive and forget; the wise forgive but do not forget.
- Thomas Szasz

domingo, 14 de dezembro de 2008

eu já suspeitava que havia quem concordasse comigo...

«It has been my experience that folks who have no vices have very few virtues.»
Abraham Lincoln

a busca da felicidade que nos faz sentir ainda mais infelizes

A falta de sorte e a felicidade

Há quem processe a informação da sua vida em voz alta e há quem o faça em silêncio. Eu pertenço ao último grupo. Sempre pertenci. Eis uma das razões pela qual talvez não escreva tão frequentemente neste blogue: porque escrever aqui é como processar a informação em voz alta.
A razão pela qual não o faço já a expliquei num dos posts anteriores mas, acima de tudo, tem a ver com um certo pudor em partilhar tudo o que se passa dentro da minha cabeça. Pontualmente, lá o ultrapasso e escrevo ou falo com alguém. Todavia, o resultado nem sempre é o esperado. Se estamos numa maré de pouca sorte, por exemplo, quando contamos o primeiro contratempo a alguém, é frequente recebermos umas palavras de simpatia e reconforto. Quando contamos o terceiro e o quarto contratempos já se fica com a sensação de que a pessoa que nos ouve acha que somos nós quem atrai o azar e/ou que está com pouca paciência para nos ouvir. E possivelmente tem razão. A sorte tal como o azar vai e vem. E quando o segundo se instala o melhor é ficarmos silenciosamente à espera que passe. O mesmo sucede quando se fica doente. Há dias falei com uma colega que está doente há três anos. Nos primeiros meses, foram vários os telefonemas que recebeu para saber como estava, mas ao final de alguns meses eram raríssimos os contactos do exterior para saber como se sentia ou como reagia aos tratamentos. O ser humano é assim. Não gosta de estar perto de quem está numa maré de azar. Será esse um dos defeitos da humanidade ou apenas uma característica? Se for defeito, é terrível e uma demonstração monstruosa de egoísmo. Se for característica, pode-se interpretá-la como sendo a única forma que nós temos para ser felizes. Todos (ou quase todos) vivemos em perseguição da felicidade e momentos e pessoas que não são ou não estão felizes lembram-nos de que aquilo que perseguimos, na realidade, não existe; e isso desanima qualquer um, não é assim? Como tal, é mais fácil ignorar a infelicidade dos outros e fingir que vamos sendo felizes na perseguição inútil e infrutífera da nossa felicidade eterna. Na realidade, a felicidade não é possível e fazer disso uma missão de vida é tornar-se cada vez mais egoísta.

domingo, 7 de dezembro de 2008


Esta foi uma das mensagens que me enviaram no dia do meu 38º aniversário e à qual eu respondo com: OBRIGADA linda amiga!
Porque gosto muito das diferentes "texturas" que compõem a pessoa tão especial que és;
Porque combinas a fragilidade e beleza desta rosa e a robustez e fiabilidade deste tronco;
Obrigada pela tua amizade e os votos de um dia muito feliz!
Beijinhos,
C.

o meu 38º aniversário

Fiz anos há pouco tempo e foram tantas as coisas que me passaram pela cabeça. Apesar da tonalidade mórbida que um comentário como aquele que vou fazer pode adquirir, acho que ele deve resultar de um pensamento recorrente quando se faz anos. Em primeiro lugar, é necessário lembrar que acordei às 5 da manhã no dia do meu aniversário, entrei no carro – estava imenso frio – e fui para Lisboa com o meu marido e amigo Bruno que às 9 e pouco da manhã me deixou à porta da Nova onde eu ia assistir a uma conferência internacional (o adjectivo é aqui importante para ilustrar o contexto onde me coloquei nessa manhã do meu 38º aniversário). Cheguei já atrasada, por isso quando entrei no anfiteatro já estava tudo sentadinho a ouvir um professor do King’s College. Entrei o mais silenciosamente possível, enviei um sorriso ao meu professor que estava sentado ao lado do conferencista e ali fiquei. Chegada a altura da pausa para café, estava sozinha no meio de muita gente que conversava entre si ou para si. Tudo bem. Olhei. Vi as caras e tentei descortinar estados de espírito talvez porque eu mesma estava a tentar perceber o meu. No dia seguinte, aquelas pessoas iam ser a minha plateia quando eu fosse fazer a minha comunicação e antes que eles me vissem, eu queria vê-los (a eles e a elas). Terminada a pausa para café, regressei ao anfiteatro – o mesmo onde defendi a minha tese de mestrado e que naquela sexta-feira, 28 de Novembro de 2008, me pareceu velho e a precisar de umas boas camadas de tinta. Mas, estava a dizer, sentei-me a ouvir o que diziam. Chegou a hora de almoço, estava a chover e na ausência do chapéu-de-chuva e do meu cartão multibanco, não tive alternativa senão ficar a almoçar no refeitório da faculdade. Os cinco euros que tinha comigo pagaram-me o almoço e uma garrafa de água e ainda um café. Nada mau. Almocei sozinha, a tentar dar resposta aos sms que me enviaram durante a manhã. Mensagens muito bonitas de pessoas que se lembraram de mim no meu dia de anos. Essa hora de pausa deu para pensar. Como estava sozinha apesar de cercada de pessoas por todos os lados, cheguei à conclusão – e é agora que vou fazer o tal comentário que referi no início – que as pessoas, na verdade, as amigas que me haviam enviado todas aquelas mensagens, umas a chamarem-me «princesa Rita», outras a desejarem que aquele dia «se repetisse por muitos e muitos anos», outras a dizerem que se lembraram de mim e que me enviavam beijos – dei por mim a pensar que se morresse (porque os aniversários estão intimamente associados à morte, eles são o princípio dela) aquelas seriam as pessoas convidadas para o meu funeral. Foi assim mesmo, mas saliento que este pensamento não era desagradável. Nada disso. Pelo contrário, eram mesmo aquelas pessoas que eu quereria que estivessem no momento da minha partida.