domingo, 7 de dezembro de 2008

o meu 38º aniversário

Fiz anos há pouco tempo e foram tantas as coisas que me passaram pela cabeça. Apesar da tonalidade mórbida que um comentário como aquele que vou fazer pode adquirir, acho que ele deve resultar de um pensamento recorrente quando se faz anos. Em primeiro lugar, é necessário lembrar que acordei às 5 da manhã no dia do meu aniversário, entrei no carro – estava imenso frio – e fui para Lisboa com o meu marido e amigo Bruno que às 9 e pouco da manhã me deixou à porta da Nova onde eu ia assistir a uma conferência internacional (o adjectivo é aqui importante para ilustrar o contexto onde me coloquei nessa manhã do meu 38º aniversário). Cheguei já atrasada, por isso quando entrei no anfiteatro já estava tudo sentadinho a ouvir um professor do King’s College. Entrei o mais silenciosamente possível, enviei um sorriso ao meu professor que estava sentado ao lado do conferencista e ali fiquei. Chegada a altura da pausa para café, estava sozinha no meio de muita gente que conversava entre si ou para si. Tudo bem. Olhei. Vi as caras e tentei descortinar estados de espírito talvez porque eu mesma estava a tentar perceber o meu. No dia seguinte, aquelas pessoas iam ser a minha plateia quando eu fosse fazer a minha comunicação e antes que eles me vissem, eu queria vê-los (a eles e a elas). Terminada a pausa para café, regressei ao anfiteatro – o mesmo onde defendi a minha tese de mestrado e que naquela sexta-feira, 28 de Novembro de 2008, me pareceu velho e a precisar de umas boas camadas de tinta. Mas, estava a dizer, sentei-me a ouvir o que diziam. Chegou a hora de almoço, estava a chover e na ausência do chapéu-de-chuva e do meu cartão multibanco, não tive alternativa senão ficar a almoçar no refeitório da faculdade. Os cinco euros que tinha comigo pagaram-me o almoço e uma garrafa de água e ainda um café. Nada mau. Almocei sozinha, a tentar dar resposta aos sms que me enviaram durante a manhã. Mensagens muito bonitas de pessoas que se lembraram de mim no meu dia de anos. Essa hora de pausa deu para pensar. Como estava sozinha apesar de cercada de pessoas por todos os lados, cheguei à conclusão – e é agora que vou fazer o tal comentário que referi no início – que as pessoas, na verdade, as amigas que me haviam enviado todas aquelas mensagens, umas a chamarem-me «princesa Rita», outras a desejarem que aquele dia «se repetisse por muitos e muitos anos», outras a dizerem que se lembraram de mim e que me enviavam beijos – dei por mim a pensar que se morresse (porque os aniversários estão intimamente associados à morte, eles são o princípio dela) aquelas seriam as pessoas convidadas para o meu funeral. Foi assim mesmo, mas saliento que este pensamento não era desagradável. Nada disso. Pelo contrário, eram mesmo aquelas pessoas que eu quereria que estivessem no momento da minha partida.

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