sexta-feira, 26 de junho de 2009

The Sorrows of an American

Estou a ler The Sorrows of an American de Siri Hustvedt e fica aqui um registo de uma entrevista, de 5 de Junho 2009, da escritora à revista Ipsilon: a questão da autoria e da narracção.

Aparentemente, há leitores (ou jornalistas?) que levam tão a sério as coincidências entre a escritora e as suas personagens que às vezes ela tem de explicar que Erik, o narrador e protagonista do seu quarto romance, não é ela. "Ninguém consegue realmente separar, a menos que lhe diga. Inevitavelmente, existe uma espécie de curiosidade mórbida sobre o que é que no livro tem a ver connosco [autores] e o que é que não tem a ver connosco. Se um livro tem uma ressonância emocional e os sentimentos funcionam, as pessoas partem do princípio que aquilo tem de ser real." Siri nunca diria um flaubertiano "Erik c'est moi", portanto? "Não, todas as personagens 'c'est moi'. Não há dúvida de que Erik tem, em parte, a ver comigo. Mas de forma a criar alguém assim, precisamos de sair de nós mesmos, tanto precisamos de sondar o nosso interior. Antes de mais, a sexualidade masculina é diferente da feminina. No livro, Erik tem imensas fantasias sexuais. Tenho tido vários leitores homens. Na Austrália, no final de uma entrevista para a rádio, o jornalista disse-me: 'Isto sou eu. Erik e eu somos iguais'."

Hustvedt refere-se a Erik como "uma espécie de irmão imaginário" (se repararmos bem, é com Inga, a irmã dele, que se parece mais) e diz que, para ela, "um romance é sempre ocupar outra posição, ser outra pessoa". "E sendo outra pessoa, encontro imensa liberdade: se ocuparmos outra posição, ficamos mais livres para explorar certas verdades emocionais."

Fonte: http://ipsilon.publico.pt//livros/texto.aspx?id=233448

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