sábado, 24 de novembro de 2012

Assim falou a Ema: Há dias assim. Há dias em que acordo com dor de cabeça. Hoje. Acordo acorrentada à dor e ao cansaço. Não tenho saída. Tento todas as saídas do labirinto e nenhuma parece estar a funcionar. Cancelas gigantes erguem-se perante o meu olhar incrédulo e fustigado. Não há saída. Mais de 45 dias com dor. Esforço. Cansaço. Não há saída, pois não? Os muros do labirinto são cada vez mais altos, mais ingremes e as luvas que calço começam a dar sinais de desgaste. Sono. Medo do sono. Medo de acordar com mais dor. Não há saída. Por momentos parece surgir um alívio, um levantar do véu e uma transparência mais leve. Momentos. Momentos que fogem como a água do mar que recua ao ritmo cadenciado das ondas que para sempre para cá e para lá. Dor mais para cá do que para lá. É um estilhaço no ser que a pouco e pouco mas todos os dias se despede da harmonia que alguma vez tive. Cansaço. Dor. Tento fugir, escondo-me debaixo dos lençois com quase a certeza de ser o único sítio onde estou a salvo. Mas engano meu. O colchão suga-me o corpo, retira-lhe a vida e quando me ergo pior ainda. Sou um conjunto de peças horrendas que ao roçarem umas nas outras fazem o ruído mais terrível do mundo. O ruído sou eu. Coloco a música no máximo e procuro uma saída, mas nem aí. A música piora a dor de cabeça. Não há saída. Sou um peixe-balão quase, quase a explodir e ao espetar nas paredes os espinhos que tem na pele. Não tarda. Não tarda nada. Não há saída.

Sem comentários: