domingo, 22 de novembro de 2009

a questão

A vida ainda é uma coisa estranha para mim. Ainda não consigo percebê-la bem. Uns dias acho que já tenho tudo percebido, outros ando totalmente às aranhas. Numa tentativa de a entender melhor, escrevi uma lista com as características da vida e saiu isto:
- a vida é curta;
- a vida só faz sentido com amigos;
- a vida é melhor quando ainda temos os nossos pais connosco;
- a vida passa muito rápido;
- a vida é um puzzle complicado e as peças que supostamente deveriam encaixar bem, nem sempre encaixam - daí as dores de alma;
- a vida é má;
- a vida é boa;
- a vida é tudo o que temos;
- a vida é mais bonita quando se está apaixonado;
- a vida é um desafio muitas vezes sem sentido;
- a vida é uma aventura com sentido;
- a vida dá muito trabalho;
- a vida é uma palavra cujo referente é sempre metafórico - nunca é real.

Fiz a lista, mas nem por isso, fiquei mais esclarecida. Há demasiadas contradições. Ainda mais do que aquelas que existem em mim. Mas como eu sou um produto da vida deduzo que as contradições quando chegam até mim já estão duplicadas, triplicadas, quadriplicadas.

Mas a questão fundamental é como é que se pode aprender a viver melhor. Nessa resposta, as alíneas cruzam-se com as anteriores. Assim, para viver melhor:
- temos de estar sempre no pico da paixão (o que se revela impossível, demasiado cansativo e irrealista);
- temos de estar sempre conscientes que a vida é curta para que aproveitemos cada momento como se fosse o último. O problema é que essa atitude só contribui para nos lembrarmos que vamos morrer - que ninguém sai daqui vivo - o que nos deixa bastante deprimidos e ainda mais confusos;
- temos de entender a vida como uma aventura, um desafio: o busílis da questão é que nem sempre estamos dispostos a ser aventureiros e a correr riscos que nos podem levar a desastres emocionais graves, daqueles em que partimos os ossinhos todos da nossa alma.

Como este é um trabalho que só termina no momento em que se saía daqui para fora (para onde saímos é outra das questões tramadas para a qual ainda não tenho, e desconfio que nunca terei, resposta), vou atribuir-me o direito de ir modificando as minhas perguntas e respostas:)

2 comentários:

Guida disse...

Ah ah! Gostei do teu texto e acrescentaria : a vida tem que ser vivida com simplicidade, querendo com isto dizer, aproveitar todos os momentos, mesmo os que parecem banais, dando-lhes significado. Ou seja: apreciar os pequenos pormenores e dar-lhes importância. Esta é , para mim, a "ciência" da vida . E a essência!! Isto, claro, para além de tudo o que disseste.
Tenho saudades tuas/vossas. apareçam. Beijinhos.

Anónimo disse...

Questionamo-nos em uníssono...
Listas,imagens, prioridades, o "sim" e o "não", e ainda, o "talvez", pacotes turísticos para interrogações sem respostas definidas. Queremos definir, organizar, perpetuar sensações, memórias...
Procuramos, cansamo-nos...
as histórias simples tendem a complicar-se porque se intelectualiza, ritualiza, padroniza...
Achamos que controlamos emoções...
zapping, á procura...
Pomos a nossa própria história em "dia" para nos lembrarmos onde estamos...
Acordamos, tomamos o pequeno almoço, rezamos para um café, dizemos "bom dia" mesmo que o sorriso não se imponha nos lábios.
E vivemos...sobrevivemos...
Deambulamos...
Depois, há um dia que tudo isso...
Depois desse dia, tudo são reticências...
e sabem bem...
porque é isso que te faz verdadeiramente "procurar"...
Carpe Diem
Beijo Prima/Irmã