Tal como há quem veja o copo sempre meio vazio também há quem o veja sempre meio cheio. Isso já todos sabemos e frequentemente ouvimos. Não estou a dar novidade nenhuma. E também todos nós conhecemos pessoas que optam por uma ou por outra perspectiva.
O mesmo sucede com os aniversários, ou melhor, com as celebrações dos aniversários. Há quem considere que o aniversário marca o segundo em que se celebram os dias e os momentos que se viveram até ali e há quem considere que o aniversário marca a certeza de um ano a menos para o fim. Aquele fim que é garantido – tal como se ouve na publicidade: aqui vende-se ao preço mínimo garantido. Não há preço mais mínimo do que aquele - não há outro fim, para nós, que não o garantido. Há quem viva o dia de aniversário como se fosse um dos dias mais tristes e miseráveis do ano. Há quem viva o dia de aniversário como se fosse uma conquista dos dias que já ganhou. Eu até que percebo as duas posições. E a minha opinião vacila e até poderia dizer: Acho que tem dias (como diz a senhora que trabalha na pastelaria ao lado da minha casa). Tem dias em que os dias têm uma conta decrescente, tem dias em que o cálculo é crescente (a meu favor, evidentemente). Mas na maioria deles (dos dias) acho que a celebração de um aniversário é como se disséssemos ao universo: estes já não mos tiras. Estes já são meus, já os vivi e estou muito feliz por isso. Diria, até, estou muito orgulhosa disso. Daí que tenho de tirar o melhor de cada dia. Tirar que é como quem diz o oposto: dar. Tenho de dar o melhor todos os dias. Não falo de dar o meu melhor no sentido mais corriqueiro e usado da expressão: algo como «tenho de ser e agir no máximo das minhas potencialidades todos os dias e a todas as horas». Não falo nesses termos porque isso não é realista. O máximo das minhas potencialidades tem variáveis incontroláveis por isso não pode existir essa coisa de dar o meu melhor. Quando falo em dar, refiro-me literalmente a dar. A dar o meu tempo e a minha ajuda a quem precisa. E dar não é fácil, nem é para todos. São poucos os que têm a capacidade de ser dar aos outros e à vida. Só o faz quem não tem medo, ou seja, quem tem a coragem de sofrer com os outros. Dar é acreditar que pelo menos isso já não nos tiram. Como o sinto quase todos os meus aniversários.
1 comentário:
Cada vez escreves melhor... sabe-me muito bem ir ao teu blog ler os teus posts
parabéns
mãe zuzu
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